Quando ela vem, preocupa por várias razões, especialmente cidades com forte relação econômica com a agricultura e pecuária, como Santiago e demais municípios da região. A estiagem registrada entre os meses de novembro de 2019 e março de 2020, com chuvas abaixo da média histórica na maioria das regiões, fez o Estado do Rio Grande do Sul presenciar uma situação de seca intensa, não vivida desde o ano de 2012, quando o fenômeno climático La Niña contribuiu para reduções dramáticas na pluviosidade. Pensando em situações como essa, a Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN), a Prefeitura de Santiago e a Universidade Regional Integrada (URI), via Polo de Modernização Tecnológica do Vale do Jaguari (PMTV), desenvolveram o projeto de inovação aberta chamado “Hidrologia, Geotécnica e Geotecnologia na Bacia Hidrográfica do Arroio Lajeado Pinheiro, à montante do reservatório da CORSAN”. Isso quer dizer que o projeto visa aumentar a capacidade de armazenamento de água na barragem, permitindo que, em situações de estiagem, ela siga abastecendo a cidade.
O gestor do polo, professor Julio Cesar Wincher Soares, explica que em Santiago, o reservatório do Arroio Lajeado Pinheiro, operado pela CORSAN, é responsável pelo abastecimento de mais de 50 mil habitantes e encontra-se em fase de operação desde a década de 1960. “Para aumentar a coluna de água em 0,5 m acima da soleira do seu atual vertedouro, é necessária a elaboração de peças técnicas de alta complexidade nas áreas de hidrologia, geotécnica e geotecnologia”, explica. Assim, estima-se que o incremento no volume de água captada e armazenada no reservatório corresponderá a cerca de 466.560.000 litros de água, segundo a CORSAN.
E como o cenário “estiagem”, associado a resultados das simulações de modelos climáticos que apontam para alterações no regime de chuvas, trazem desafios para os serviços de captação, armazenamento, tratamento e distribuição d’agua, o projeto, de significativa importância, teve ordem de início em uma data propícia: 15 de abril, Dia Nacional da Conservação do Solo. Tem o aporte de recursos próprios da Corsan, com incentivos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) na dedução da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), e recursos de contrapartida da URI Santiago.
O papel da URI: O trabalho da universidade ocorrerá no campo (Bacia Hidrográfica e reservatório) e nos laboratórios de Solos e Topografia, Geodésia e Geotecnologias. O primeiro relatório técnico parcial de caráter bimestral compreende atividades de 15 de abril a 15 de junho. A universidade está encarregada de todos os levantamentos, laudos técnicos, mapeamento ambiental com simulações matemáticas e computacionais, “para descrever a paisagem da bacia hidrográfica e do reservatório”, define Julio.
Cursos envolvidos: Julio conta que o projeto envolve professores dos cursos de Agronomia e de Ciências Ambientais da URI Santiago e do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e estudantes de Agronomia da URI. Em função da sua importância socioambiental, a Bacia Hidrográfica do Arroio Lajeado Pinheiro já recebia pesquisas de Iniciação Científica e Tecnológica financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS). “Agora, com novos parceiros da quádrupla hélice de desenvolvimento, fortalece-se o papel dessa bacia hidrográfica como unidade de referência para atividades de ensino, pesquisa, extensão e inovação”. A Hélice Tríplice envolve as interações universidade-indústria-governo, já a quádrupla hélice tem adicionadas propostas da mídia, cultura e sociedade civil organizada.
Diretora Geral destaca papel comunitário da URI: De acordo com a Diretora Geral do Câmpus, professora Michele Noal Beltrão, as parcerias com diferentes atores da quádrupla hélice de desenvolvimento para a solução de um problema de todos, reforça o DNA comunitário da URI, uma instituição multicampi, agente de transformação de pessoas e da sociedade, há mais de 29 anos.
Curiosidade: O Dia Nacional da Conservação do Solo escolheu a data de 15 de abril por ela marcar o nascimento de Hugh Hammond Bennett, em 15 de abril de 1881. Bennett era agrimensor, pesquisador e difusor incansável do combate à erosão do solo e as perdas de água.
Fotos: divulgação
Na foto, acadêmicos de Agronomia, Thaynan Hentz de Lima, bolsista de iniciação científica, Amablio Racoski, bolsista de extensão e Vanderson Fernandes, bolsista de iniciação científica